LUTA, CADEIA E EXÍLIO

May 28, 2018

Entretanto, MdC tinha entrado no liceu Camões onde foi aluno de Mário Dionísio e colega de turma de João Aguiar e Eduardo Prado Coelho.

Na faculdade de Direito acompanhou a movimentação académica de 1962, tendo feito greve aos exames nesse ano. Participou activamente nos movimentos estudantis, designadamente nas secções culturais e cineclubes universitários. A memória dessas correrias estudantis surge em alguns contos de «O Homem do Turbante Verde», como «A Secção de Campo» e «Bildung».

Após a vaga repressiva de 1965, que levou à prisão centenas de estudantes, faz parte do organismo clandestino encarregado de reorganizar o PCP, em grande parte destruído, na universidade de Lisboa. Depois de licenciado, e durante o serviço militar, é preso pela polícia política e sujeito a onze dias de privação de sono. Essa situação inspirou o argumento do filme de José Barahona Quem é Ricardo? Condenado pelo tribunal político a dois anos de prisão, cumpriu grande parte da pena nas cadeias de Caxias e Peniche.

Quando saiu, em Liberdade condicional, em 1973 avisaram-no que seria reincorporado no exército com guia para o batalhão disciplinar de Penamacor, onde eram agrupados, na altura, os criminosos de delito comum. Decidiu exilar-se e, a muito custo, conseguiu ligação a uma organização clandestina de passagem de fronteira.

Passou a fronteira ilegalmente e acabou por chegar a Paris onde viveu durante algum tempo em casa de amigos, sem documentos, até que encontrasse maneira de viajar para a Suécia onde tinha família.

Depois de a sua mulher e filhas se lhe juntarem, em Lund, ocorre a Revolução de 25 de Abril de 1974. Logo trata de regressar a Portugal.